Conhecer as principais características do concreto protendido faz toda diferença para uma obra segura e econômica
Qualquer tipo de construção exige cuidados especiais e com as mais robustas essa atenção deve ser reforçada. É preciso aplicar técnicas alinhadas à maior resistência, como o concreto protendido.
O sistema de concreto protendido pode reduzir por completo os esforços de tração sobre as estruturas, minimizando as fissuras e elevando a vida útil dos materiais e também da obra.
Entender as características desta técnica é fundamental para todos os envolvidos em um projeto de construção civil, como engenheiros, arquitetos, projetistas estruturais, empreiteiras e construtoras.
Neste conteúdo, iremos apresentar os principais atributos do concreto protendido e seu importante papel para garantir a estabilidade de uma estrutura de concreto.
Confira a seguir e saiba como atingir esse resultado em um sistema construtivo!
O que é Concreto Protendido?
O concreto protendido consiste um meio essencial muito difundido no Brasil para fortalecer a resistência à tração do concreto. O que isso quer dizer?
Para quem não sabe, a resistência à tração é inferior à compressão do concreto e esse tipo de reação fica na ordem de apenas 10%. Tal valor acaba sendo ignorado nos cálculos estruturais.
Com isso, o uso do concreto protendido torna-se um diferencial em estruturas em que os esforços de flexão são elevados. Uma vez que este procedimento é utilizado para que a resistência do concreto seja maior.
A solução tem o objetivo de aprimorar o desempenho das estruturas com a utilização de armadura ativa, que as comprime previamente para diminuir ou até mesmo anular a fissuração e seus deslocamentos.
Além de proteger as armaduras da penetração de água, umidade e consequente corrosão do aço que pode ser pré ou pós tracionado, de acordo com a técnica escolhida em projeto.
Mas afinal, do que se trata a armadura ativa?
Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que trata do tema na NBR 6118/2014, a definição de armadura ativa pode ser entendida como aquela “constituída por barras, fios isolados ou cordoalhas, destinada à produção de forças de protensão, isto é, na qual se aplica um pré-alongamento inicial”.
Ou seja, essa armadura ativa é um aço de resistência composto por fios ou cordoalhas para concreto protendido, cuja capacidade é de 3 a 4 vezes maior do que a armadura passiva, conhecida como vergalhão.
Saiba como é feita a Protensão do Concreto
A protensão do concreto é compreendida basicamente na tensão direcionada aos cabos de aço antes da cura do concreto.
A ideia é gerar uma suficiência própria de equilíbrio desses esforços e aumentar a resistência do material sem a interferência de ações externas.
Em tal caso, a protensão é feita por cabos de aço aplicados no concreto já endurecido e com uma resistência mínima para evitar danos ao ponto de apoio no momento da aplicação da carga.
Descuidos como este, podem ocorrer quando o houver a falta de resistência necessária no concreto.
Já o tensionamento dos cabos acontece por meio de macacos hidráulicos após o concreto ter atingido um vigor preciso analisado pelo responsável do projeto.
Uma das grandes vantagens do concreto protendido é permitir construções capazes de vencer médios a grandes vãos que requerem suportar altas cargas.
Dessa forma, a protensão é se mostra muito eficaz quando aplicada em viadutos, passarelas, pontes, reservatórios, piscinas e até mesmo em sistemas construtivos comuns como galpões e edifícios.
Porém, o concreto protendido pode ser utilizado de três maneiras. Vamos conhecê-las juntos?
3 possibilidades de uso do Concreto Protendido
1. Protensão aderente
O processo dá-se ao apoio do de cabos em bainhas metálicas – de característica lisa ou ondulada – no elemento estrutural para que seja feito lançamento do concreto.
A ligação da armadura de protensão e seus suportes provisórios é desfeita após a cura do concreto. Assim, ocorre a aderência da ancoragem no concreto entre os materiais.
2. Protensão com aderência posterior
Na pós-tração, as armaduras ativas são cordoalhas nuas colocadas no interior de bainhas que as isolam do concreto.
Após a concretagem e quando a resistência desejada for atingida, as cordoalhas são tracionadas e ancoradas nas extremidades da peça estrutural.
Outro ponto interessante destacar é que a aderência cria-se posteriormente através da injeção de nata de cimento no interior das bainhas.
3. Protensão sem aderência
Uma protensão não aderente pode ser entendida quando uma cordoalha engraxada – a camada de graxa cobre a cordoalha nua, que depois é revestida com uma camada plástica de alta densidade, é a armadura ativa no elemento estrutural.
Em seguida da concretagem e cura até a resistência esperada, as cordoalhas são tracionadas e ancoradas nas extremidades da peça. Consequentemente o aço fica sem aderência com o concreto durante toda a sua vida estrutural.
A diferença entre concreto armado e concreto protendido
Um dos fatores que diferencia o concreto armado e o protendido é o método utilizado para resistir às tensões de tração.
No sistema de concreto armado, ocorre a adesão do aço para equalizar os esforços de tração que provocam as deformações e fissuras. Além disso, é utilizada a armadura passiva para que não se produza forças de protensão.
Por sua vez, o concreto protendido usa a armadura ativa para provocar a protensão. Ou seja, a compressão prévia da estrutura para minimizar ou invalidar as tensões de tração.
O concreto protendido é indicado para que tipo de obra?
O sistema de concreto protendido pode ser empregue em qualquer tipo de estrutura que trabalhe tracionada, como vigas, lajes, radiers e pisos industriais.
Além desses, a técnica pode ser aplicada na contenção de terrenos por meio da escavação e sustentação das paredes através de tirantes protendidos.
Você sabia que a aplicação da protensão no Brasil começou no Rio de Janeiro?
Sua origem foi registrada em 1949 na construção da Ponte do Galeão, na cidade maravilhosa. Já a utilização de concreto protendido em grande escala ocorreu na concepção da Ponte Rio-Niterói, inaugurada em 1974.
Mas antes disso, alguns projetos já utilizavam a técnica em conjunto com outros recursos.
Exemplo disso é o levantamento do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp), concluído em 1968, que teve o concreto protendido aplicado às quatro vigas que sustentam a estrutura, caracterizada pelo vão livre.
Atualmente, o concreto protendido está presente em projetos de vigas, pontes, viadutos, silos e anéis de concreto de torres eólicas que combinam técnica, economia e arte à construção.